Filmes - A Tentação
Prof. André Araújo
Redação d'O Historiante
O filme “A Tentação” (The Ledge) é dirigido por Matthew Chapman, pouco conhecido como diretor e mais afamado por sua relação de parentesco. Explico: Chapman é tataraneto do homem que desenvolveu a teoria da evolução das espécies através da seleção natural, Charles Darwin. O filme estreou em 2012 e não teve muita divulgação, talvez pelo caráter polêmico que a obra pretendia discutir. O filme discute moralidade, religiosidade, ateísmo e fundamentalismo na sociedade norte-americana. Só que, dessa vez, o fundamentalismo e a religiosidade atacados não têm origem no islã. Mais que um recado para a população dos EUA, o filme rompe fronteiras e faz um convite a uma reflexão em níveis internacionais. Poucas películas trataram estes temas sem o habitual medo de um linchamento ético-moral, como este tratou.
Crenças religiosas e filosóficas, pouco suspense e um triângulo amoroso entre um ateu, um cristão e sua esposa compõem o roteiro do filme. O ateu Gavin apaixona-se por Shana, esposa de Joe, e mantêm uma relação extraconjugal que desperta a ira de Joe e leva este cristão convicto a fazer leituras da bíblia que o direcionam a uma vingança com altos níveis de crueldade (física e psicológica). O filme, diferente do senso comum que viceja em nossa sociedade, apresenta um individuo que não acredita em Deus e que nem por isso é uma má pessoa, muito pelo contrário. O enredo do filme mostra um sujeito conformado com a efemeridade da vida, uma pessoa generosa, solidária com homossexuais, um sujeito alegre e disposto a fazer o bem e a tentar entender a humanidade em sua vivencia cotidiana, desconsiderando religião/divindades como algo inerente ao ser humano.
Como um dos propósitos do filme é mostrar que uma pessoa não depende de uma religião para fazer o bem, o roteirista apresenta como oposto do protagonista ateu um sujeito fundamentalista cristão que não respeita a diversidade, oprime a sua esposa e julga pessoas acreditando que seu julgamento vem de Deus. O filme (na minha leitura) não apresenta uma condenação às religiões, mas é um convite à reflexão de que é necessário, para manter uma boa convivência, o respeito à crença alheia ou à descrença, sem rotular as pessoas por suas convicções.
Gavin conta sua história a um policial, em um beiral na cobertura de um prédio. E este policial, que também tem seus dramas, tenta salva-lo de um “suicídio”. O que levou Gavin a tentar cometer suicídio, já que este se apresenta como um sujeito tão feliz pela sua vida? Amor à vida? Por mais paradoxal que pareça, sim. O amor e as crenças destes sujeitos, opostas, são ingredientes que nos levam a uma história, que mais que respostas sobre a existência humana, nos faz refletir sobre o valor da vida e o respeito à crença alheia. Em meio a Felicianos, Malafaias, pastores estupradores, uma reflexão mais que necessária.
Clique aqui e faça o download do filme!
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