Livro - O Rebelde



Prof. Pablo Michel Magalhães
Redação d'O Historiante


Ler alimenta a alma, revigora o espírito, potencializa o intelecto, amplia os horizontes. Deixar correr a imaginação, ao passo em que os olhos deslizam pelas páginas de um bom livro, é uma das experiências mais enriquecedoras criadas pela humanidade. Uma pena verificar que, cada vez mais, este ato tão vital vem sendo negligenciado. Quem perde mais, o indivíduo em sua particularidade ou a sociedade em sua coletividade? Prefiro acreditar que estas duas esferas são prejudicadas.

Enquanto muitos ligavam a TV, em busca de reality shows, escolas de samba e programas de auditório de gosto duvidoso, tive o prazer de folhear um bom romance histórico. Aprecio as incursões literárias sobre eventos da história, e o trabalho de Jack Whyte no livro O Rebelde faz com que o leitor realmente mergulhe em pleno medievo, acompanhando a trajetória de um William Wallace meio herói, meio bandido, um fora-da-lei patriota, transformado em lenda nas guerras de independência da Escócia, entre os séculos XIII e XIV. Narrado em 1ª pessoa, através das palavras do padre Jamie (primo de William), o livro apresenta uma escrita rica em detalhes, principalmente das batalhas e das desventuras do homem transformado em mito William Wallace.

Com a ideia de refletir sobre 3 nomes centrais no processo de libertação da Escócia da dominação inglesa (a saber, Robert The Bruce, Sir James Douglas e o próprio Wallace), o enredo busca mostrar como os "corações valentes" (título da série, da qual O Rebelde faz parte) lutaram contra a opressão, num momento em que os reis ingleses exerciam um forte poder sobre os escoceses. 

Um dos grandes méritos do livro de Jack Whyte é agir na contramão da lenda em torno de William Wallace. Herói patriota, incansável lutador da liberdade? Na perspectiva do padre Jamie, seu primo nada mais foi que um homem que ascendeu ao poder, aproveitando a inépcia dos seus inimigos. Outro ponto forte da obra de White é apresentar ao leitor o mundo medieval a partir das relações humanas e da vida dura na qual os personagens estão inseridos.

Diferentemente do filme Braveheart (Coração Valente, estrelado por Mel Gibson), Wallace é representado como um homem comum, mais real que lendário, sem a aura revolucionária e idealista que paira sobre Gibson em sua atuação. Aliás, em Braveheart, há a intenção de aliar a imagem de William a de um guerreiro libertário, tal qual um Che ou um Bolívar, investindo em uma morte gloriosa, épica, quase sagrada. Já em O Rebelde, toda essa pompa é deixada de lado.

Ainda sugerindo que o livro supera o filme, não posso deixar de criticar, em ambos, a ideia de que William Wallace teria sido um homem rústico. A sua habilidade com idiomas (francês e latim) sugere uma rica educação, algo muito distante na vida de um camponês escocês do período medieval, ou uma instrução clerical, dada por monges.

Obviamente, O Rebelde é uma ótima ficção, muito bem escrita, mas não substitui a leitura de livros históricos sobre o assunto.

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