A presidenta Dilma Rousseff
Prof.ª Josi Brandão
Redação d'O Historiante
O ano de 2005 marcou a saída do ministro da casa civil José Dirceu, uma tomada essencial para amenizar a crise institucional que se abateu sobre o governo Lula, já profundamente marcado por escândalos políticos. Ficava, assim, mais evidente que havia um projeto de poder presidencial a caminho, onde provavelmente o Dirceu seria o favorito ao cargo, mas sua situação critica de denúncias abalou essa manobra. Com isso, ficava aberta a busca por um nome capaz de promover a "linha sucessória" presidencial. Um nome que fosse de alguém competente, politicamente engajado, conhecedor de todos os setores do governo e representasse força para colocar ordem na casa. A decisão foi sábia: tirar Dilma Rousseff das Minas e Energia e nomeá-la ministra-chefe da Casa Civil.
Nessa época, surgiu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – para muitos uma obra eleitoreira – mas, na verdade, pode-se dizer que foi a reunião das principais obras em curso no país na área de infraestrutura e logística, o que de alguma forma beneficiou a hoje presidente para ser reconhecida pelos brasileiros, já que até aquele momento era um nome desconhecido da maioria da população. Assim ela ficou conhecida como a “mãe do PAC”.
Nesse período, várias
articulações da oposição foram feitas para desestabilizar a ministra, como a existência
de um dossiê que o governo estaria fazendo contra o ex-presidente FHC, a respeito de gastos com cartões corporativos. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro, Dilma compareceu à Comissão de Infra
estrutura para prestar depoimento, o que durou cerca de nove horas, no qual, com
toda sua capacidade de argumentar, carimbou seu caminho rumo à disputa
presidencial de 2010, já que conseguiu se explicar no meio de uma avalanche de
perguntas, algumas inclusive com intenção de constrangê-la. Dilma saiu-se de
forma brilhante da Comissão.
É importante lembrar que, nesse processo de candidatura, os caciques políticos do PSDB, do DEM e até
alguns do PMDB, subestimaram a capacidade do governo de colocar Dilma como
sucessora de Lula. Ela era vista como uma profissional linha dura e sem
carisma, arrogante e muito reservada, ou
seja, sem o perfil necessário para se eleger presidente do país. Mas Dilma era
a favorita de Lula, e percebíamos que gradativamente ela mudava sua imagem, de
sisuda ficou mais suave, os cabelos foram ficando mais curtos, mais claros, os
óculos foram tirados, a nova imagem estava se formando. Alem de também estar
lutando contra um câncer no sistema linfático ainda em fase inicial. Acredito
que a doença ajudou a humanizar a imagem de Dilma.
A vitória de Dilma nas urnas
era a cada dia uma certeza de que sua popularidade cresceu, mesmo diante de suas
defesas, como a da legalização do aborto, assunto que a oposição utilizou contra a então candidata. Mas o povo já tinha feito sua escolha. Não foi no primeiro turno que
ela venceu, surgiu nesse tempo mais uma mulher, Marina Silva, do PV, que cresceu
muito durante as eleições. Seu nome já
estampava jornais e revistas. O jornal britânico The Independent se referiu
assim à candidata: “Dilma Rousseff se prepara para ser a mulher mais poderosa
do mundo”. A imprensa chinesa também fez elogios rasgados a ela, dizendo que o
que lhe faltava em carisma sobrava em competência. Além da Bulgária, terra
natal do seu pai, um pais que vivia uma febre em relação a Dilma, onde a
compararam com a “Margareth Thatcher brasileira”.
O povo brasileiro não tinha
dúvidas da sua escolha e as urnas apenas oficializaram sua escolha. Às vinte
horas do dia trinta e um de outubro de 2010, com 55,7 milhões de votos, Dilma
Vana Rousseff tornava-se a primeira mulher eleita presidente da República
Federativa do Brasil, melhor dizendo, a primeira Presidenta da História do
Brasil e a 36 presidente do país.
No primeiro dia do ano de
2011 o país parou para ver a posse de Dilma, momento único vendo-a de terno
branco, discreta como sempre, usando a faixa presidencial, discursando no alto
do parlatório do Palácio do Planalto. Eu via ali mais uma pagina importante da
nossa história sendo escrita.
A Dilma linha-dura sofria
críticas ferrenhas sobre sua forma de comandar o pais, disseram que ela seria
um fantoche do ex-presidente Lula, mas ela em momento algum demonstrou isso,
mostra-se independente nas suas escolhas, quando se fez necessário não se
intimidou em destituir ministros acusados de improbidades, queria mostrar um
governo isento de corrupção, diferente de como ficou conhecido o governo
anterior. Porém, mantém a linha social, marca do seu antecessor, e em maio do
ano passado anunciou uma espécie de continuação do Bolsa Família: o Programa
Brasil Carinhoso, que tem o objetivo central de
beneficiar em torno de 2 milhões de famílias que tenham crianças de até 6 anos
em sua formação, e visa atender famílias que se encontram em extrema pobreza e que
chegam a somar 50% do total de pessoas que se encontram nessa situação de
extrema pobreza, cuja renda mensal geralmente é inferior a R$ 70,00 reais.
Não demorou muito para que a
presidenta ganhasse de fato notoriedade internacional, como quando foi eleita
pela revista norte-americana Forbes uma das pessoas mais poderosas do mundo,
ela ficou na posição de número 16, o que
fez dela a figura de maior poder na América Latina, isso no seu primeiro ano de
mandato. Ela também já supera em popularidade o ex-presidente Lula.
Já que o poder feminino
nunca esteve tão em alta no Brasil é bom colocar mais dados sobre Dilma, a
revista Forbes a colocou também como a terceira mulher mais poderosa do mundo,
atrás apenas da chanceler alemã Ângela Merkel que ficou em primeiro lugar e da
ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton e, mal começou o ano de 2013, e
as pesquisas apontam com uma popularidade de 78% de aprovação, já na metade do
seu mandato. Em 2012 ela também teve o que comemorar, o país atingiu o menor índice
de desemprego da história, foram gerados até outubro 1,7 milhão de postos de
trabalho e cerca de 4 milhões desde o começo do seu governo. O fortalecimento do emprego e do mercado interno
deverá ser mantido como estratégia do governo para continuar a enfrentar a
crise econômica em 2013.
Dilma Vana Rousseff, de certa forma, representa a luta de igualdade que nós mulheres buscamos a cada dia, além de ter vencido uma série de dificuldades até chegar a presidência da República, como perseguições políticas, tortura na época da ditadura militar, demonstrando no exercício do mandato uma postura de responsabilidade e compromisso com seu cargo, estimulando cada vez mais a presença feminina em vários outros cargos de poder, principalmente na política onde ainda agimos timidamente. Acredito que com a presença de mulheres como Dilma e tantas outras que deixaram sua marca na história, conseguiremos avançar para uma sociedade menos machista, sexista e mais igual. Afinal, buscamos também igualdade e respeito.
"Não
sou criticada porque sou dura, mas porque sou mulher. Sou uma mulher dura
cercada de ministros meigos". (Dilma Vana Rousseff)
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