Rock e Racismo - Uma Discussão Polêmica
Nestes últimos meses os fãs
de Rock/Metal ficaram diante de notícias relacionadas ao racismo envolvendo
estes estilos. Uma destas notícias envolvia o ex-vocalista do Pantera e
atualmente na banda Down, Phil Anselmo, o mesmo fez uma saudação nazista e
gritou “White Power” (Poder Branco) no evento Dimebash, na cidade de Hollywood.
Já na cidade de Anaheim, na Califórnia, uma passeata promovida pela Ku Klux
Klan terminou em briga quando o grupo foi defrontado por manifestantes
contrários ao movimento racista, entre estes manifestantes havia vários
metalheads (fãs de Heavy Metal), a briga terminou com feridos e com várias
pessoas presas. Mas o racismo dentro do Rock já vem de longa data, ainda nos primórdios
do estilo.
Em suas origens o
Rock’n’roll é essencialmente um estilo afro-americano, com suas raízes no
R&B (Rhythm and blues) que por sua vez tem sua fonte no blues e do gospel,
que é uma música de origem negra.
Mesmo com o aumento da
popularidade do R&B, a grande população branca norte-americana não ver com
“bons olhos” aquela música dançante de negros.
Para os “brancos
conservadores” norte-americanos havia o country, que andava ao lado do R&B
em popularidade, mas não havia uma “apropriação cultural” entre os dois estilos
musicais. Isso até eclodir a Segunda Guerra Mundial.
Após o conflito mundial, com
sua grande quantidade de perdas entre os jovens, e durante os anos 50, período envolvido
na “ditadura” do governo Eisenhower, com
todo conservadorismo da sociedade norte americana, a juventude estava desejosa
de curtir a vida, e a música era o “catalizador” dos desejos daquela geração
Na década de 1950 o R&B não
enfrentava problemas apenas com o racismo na sociedade, mas também, no meio
comercial. As grandes gravadoras não investiam na música negra o que forçava os
artistas a lançarem seus álbuns por gravadoras pequenas. Exemplo disso foi o de
Fats Domino que gravou o álbum The Fat
Man em um estúdio que se resumia a um quarto nos fundos de uma loja de
móveis.
Mas a popularidade do
R&B e do Country foçava cada vez mais a aproximação de ambos. Antes
separados pela origem étnica de cada estilo, eles começaram a se fundir, era o
nascimento do Rock‘n’roll.
A sociedade conservadora e
racista da época não aceitava seus jovens dançando sensualmente ao som das
músicas que eram cantadas pelos negros, chegando ao ponto do Conselho dos
Cidadãos Brancos do Alabama, anunciar uma campanha para eliminar, dos Estados
Unidos, o “animalismo bop negro”.
Por mais popular que o Rock
fosse ainda faltava algo para se transformar em um fenômeno estadunidense. E o personagem
que se apropriou culturalmente do movimento iniciado pelos negros, e se tornou
este fenômeno, foi Elvis Presley.
Elvis não foi o primeiro a
se utilizar de apresentações sensuais, não era o mais talentoso, ou criador
daquela sonoridade, os negros já faziam isso antes, mas o preconceito racial da
época impedia que um negro se tornasse o “Rei do Rock”. Elvis surgiu e
aproveitou o momento para angariar a coroa. Era o Rock and roll se tornando
definitivamente música de massa.
Não obstante não podemos
negar a importância de Elvis Presley para “abrir as portas” para o Rock and
roll, como disse o músico negro Little Richard: “Eu agradeço a Deus por Elvis
Presley. Ele abriu as portas para muitos de nós”.
Mesmo com a ascensão de um
branco ao posto de “estrela” do Rock, o conservadorismo da sociedade
norte-americana ainda perpetuava. E mesmo com a popularidade do Rockabilly de
Elvis nas rádios, o mesmo era condenado pelas associações de pais e
professores, por comitês ligados ao governo e líderes religiosos. Mas o Rock,
R&B, a música de origem negra se disseminava entre os jovens. E esta
juventude estava sedenta para ouvir aquele novo ritmo, independente da etnia
dos seus músicos.
Um dos fatos mais relevantes
sobre isso ocorreu em 1960, quando o DJ Shelley Stewart, radialista negro,
estava apresentando um show em Bessemer, no Alabama, quando foi avisado que
cerca de 80 membros da Ku Klux Klan estava indo para o clube para ataca-lo.
Eles cercaram o local e ameaçaram invadir. Quando Stewart avisou que teria que
parar o show, o inesperado aconteceu. Os cerca de 800 brancos que estavam no
local, se rebelaram e saíram do local, atacando os membros da Ku Klux Klan,
como o próprio Stewart afirmou “Eles saíram correndo do local e atacaram a
Klan, lutando por mim.” Eram brancos lutando pelo direito de ouvir música
negra.
As questões raciais sempre
permearam o rock, nos seus primórdios, a MTV foi acusada de racismo, pela quase
inexistência de artistas negros em sua grade de exibição, ou os casos citados
no inicio deste texto. São exemplos que o preconceito existe em qualquer área
da sociedade, cabe a cada um “lutar” sem uso da violência, contra isso.
Para saber mais leiam: Rock and Roll, Uma história social, de Paul
Friedlander
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